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Contrave®: quanto tempo suspender antes da cirurgia?

A administração de anestesia e analgesia perioperatória em pacientes que fazem uso de medicações específicas, como o Contrave® (naltrexona/bupropiona), apresenta desafios únicos que requerem atenção e cuidado por parte dos profissionais de saúde.

Intervenções perioperatórias

Durante procedimentos cirúrgicos, é crucial considerar os efeitos do Contrave, uma formulação indicada para perda de peso em indivíduos obesos, no manejo da dor e no controle perioperatório. A combinação de naltrexona e bupropiona neste medicamento interfere no sistema endógeno de opioides e na regulação do apetite.

Mecanismo de ação e considerações farmacológicas

O bupropiona, um inibidor da recaptação de norepinefrina e antagonista nicotínico, ativa os neurônios pró-opiomelanocortina (POMC) no hipotálamo, resultando em uma redução subsequente do apetite. A naltrexona, um antagonista de opioides, é adicionada a bupropiona, uma vez que a POMC é regulada pelos opioides endógenos por meio de feedback negativo.

Devido à meia-vida da naltrexona ser de 5 horas, é prudente descontinuar o Contrave® pelo menos 24 horas antes de procedimentos nos quais os opioides possam ser utilizados durante o período perioperatório.

Tentativas de “superar” a naltrexona, prescrevendo opioides em doses elevadas para controlar a dor pós-operatória, devem ser feitas com cautela, pois o limiar necessário para superar os efeitos antagonistas da naltrexona em um indivíduo específico é mal definido.

Além disso, a interrupção do medicamento pode ser bastante abrupta, o que também pode levar à depressão respiratória secundária à ação não antagonizada dos opioides.

Recomendações clínicas

Com base nessas considerações, é recomendável:

  • Descontinuar o Contrave® pelo menos 24 horas antes da cirurgia;
  • Manter a bupropiona durante o período perioperatório;
  • Reiniciar o Contrave® 7 dias após a interrupção da terapia com opioides.

A conscientização sobre as interações medicamentosas e os efeitos perioperatórios do Contrave é essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos.

Os profissionais de saúde devem estar atentos às recomendações atualizadas e individualizar o plano de tratamento de acordo com as necessidades e características de cada paciente.

A comunicação eficaz entre médicos, anestesistas e cirurgiões sobre o histórico de medicação dos pacientes é fundamental para evitar complicações perioperatórias.

Fontes:

https://www.jpain.org/article/S1526-5900(16)00441-7/fulltext

https://www.vmfh.org/content/dam/vmfhorg/pdf/legacy-chi/website-files/medical-staff/files/Perioperative-Management-Medications.pdf

Dr. Guinther Giroldo Badessa

Responsável técnico

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